Chegou o aguardado segundo disco da cantora Céu, “Vagarosa”. Para felicidade de quem esperou, o trabalho corresponde às expectativas.

Ele chega em meio à crise de criatividade que domina a atual música brasileira, repetindo a mesma formula e o mesmo repertório com as cantoras que circulam pelos bairros paulistanos. Tranquilamente é um dos melhores do ano.

Um faixa que exemplifica muito bem isso é “Rosa Menina Rosa”, de Jorge Ben, com participação dos Los Sebozos Postizos. Ceu poderia muito bem convidar qualquer artista que está no topo da onda para gravar, assim como Maria Rita faz ao chamar sempre os mesmos para seus discos e só se envolve com o fator celebridade. A filha do mito gravou com o Rappa, então da mesma gravadora (por afinidades musicais e mercadológicas, logicamente).

Los Sebozos tocava Jorge Ben em dub muito antes de Wilson Simoninha gravar um DVD chato e previsível só tocando Jorge. Quem conhece a obra e sabe o valor de cada frase do poeta Salve Simpatia sabe que Racionais e Los Sebozos são os melhores intérpretes da fase de ouro do “Força Bruta”.

Céu canta muito e não adota a postura hippie moderninha de butique, pelo menos não de forma “fake”. A herdeira de Elis Regina, por exemplo, é um produto bem inferior, que vive em função de uma formula criada para 70% das cantoras desse nicho da musica brasileira.

Mais um exemplo. “Vira Lata” tem participação de Luiz Melodia e é um samba de verdade. E, o que é melhor, novo. Escrita pela própria Céu, a música foge do tradicionalismo que impera entre as “novas cantoras” da MPB. Que certamente regravariam as mesmas músicas de Chico Buarque, Cartola, Edu Lobo ou fariam aquela versão moderna de Caetano. Em resumo, mais do mesmo.

Ceu reúne, além de Los Sebozos, Dub, 4h20, Jorge, DJ Marco, Luiz Melodia, Beto Vilares, Fernando Catatau, Gustavo Lenza, Gui Amabis e samba verdadeiramente moderno e de cor negra…

Discaço, melhor que o primeiro.
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Bandas com inúmeros integrantes tendem a funcionar melhor no palco do que em disco. Elas fazem uma festa ao vivo que, gravada, se intimida. No segundo disco dos Móveis, C_mpl_te, lançado pela Trama para download gratuito no [Link removed - login to see], o produtor Carlos Eduardo Miranda optou por uma saída estratégica: em vez de recriar a maçaroca de sons em estúdio, preferiu dissecar instrumentos, buscar silêncios, valorizar melodias, letra e timbres. E assim, conseguiu que a banda ganhasse uma profundidade que, ao vivo, some. A mistura de ska, MPB, rock e música cafona deixa de soar como massa sonora e traz a banda para perto de bandas que, antes, sequer eram postas juntas aos Móveis, como Mombojó e Los Hermanos. E, com identidade, está pronta para o próximo passo: o sucesso popular. Não é já, mas não demora.
Fonte: Estado de São Paulo, 08/06/2009